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Entendendo esquemas

Material educativo para clientes

Material elaborado com base em:
Padesky, C. A. (1994). Schema Change Processes in Cognitive Therapy.
Clinical Psychology and Psychotherapy, 1(5), 267-278.

Este material foi preparado para ajudá-lo(a) a compreender um conceito fundamental que utilizamos em nosso trabalho terapêutico: os esquemas.

Entender o que são esquemas e como eles funcionam é um passo importante para o seu processo de mudança e crescimento pessoal.

O que são esquemas?

Esquemas são crenças profundas que temos sobre nós mesmos, sobre outras pessoas e sobre o mundo. Eles funcionam como ‘óculos’ através dos quais enxergamos e interpretamos tudo o que acontece ao nosso redor.

Pense nos esquemas como filtros mentais automáticos que determinam o que você percebe, o que você lembra e como você reage emocionalmente às situações. Eles são formados ao longo da vida e moldam profundamente nossa experiência do dia a dia.

Exemplos de esquemas

Esquemas sobre si mesmo:

  • “Eu sou capaz” ou “Eu sou inadequado”
  • “Eu sou digno de amor” ou “Eu sou indigno”
  • “Eu sou competente” ou “Eu sempre falho”

Esquemas sobre outras pessoas:

  • “As pessoas são confiáveis” ou “As pessoas vão me trair”
  • “Os outros são solidários” ou “Os outros são críticos”
  • “As pessoas se importam” ou “As pessoas vão me abandonar”

Esquemas sobre o mundo:

  • “O mundo é seguro” ou “O mundo é perigoso”
  • “Esforço vale a pena” ou “Nada que eu faça importa”
  • “Oportunidades existem” ou “As portas estão fechadas para mim”

Como os esquemas se formam?

Esquemas se desenvolvem ao longo da vida, começando na infância. Eles são criados a partir de nossas experiências — especialmente aquelas que se repetem ou que têm forte impacto emocional.

Por exemplo, uma criança que cresceu em um ambiente onde recebia críticas constantes pode desenvolver o esquema “Eu não sou bom o suficiente”. Já uma criança que foi encorajada e apoiada pode desenvolver o esquema “Eu sou capaz de aprender e crescer”.

É importante saber: ter esquemas é completamente normal. Todos nós temos esquemas — eles fazem parte do funcionamento natural da mente humana. O que importa é identificar quais esquemas estão nos ajudando e quais podem estar nos limitando.

Como os esquemas se mantêm?

Uma vez formados, os esquemas têm uma característica importante: eles se mantêm sozinhos. Eles fazem isso de quatro maneiras principais:

  • Atenção seletiva: Você tende a notar mais as situações que confirmam seu esquema e ignorar aquelas que o contradizem.
  • Memória seletiva: Você lembra mais facilmente de experiências que reforçam seu esquema.
  • Interpretação distorcida: Você interpreta situações ambíguas de forma que confirme seu esquema.
  • Desconto de evidências contrárias: Quando algo contradiz seu esquema, você tende a descartar como exceção ou minimizar sua importância.

Um exemplo prático

Imagine alguém com o esquema “Eu sou inadequado”. Quando essa pessoa:

  • Comete um erro → Pensa: “Viu? Eu realmente sou inadequado.”
  • Recebe elogio → Pensa: “Ele está apenas sendo educado” ou “Foi sorte, não habilidade.”
  • Você vê alguém bem-sucedido → Pensa: “Eles são naturalmente melhores que eu.”
  • Tem sucesso → Pensa: “Isso não conta” ou “Foi fácil demais para significar algo.”

Perceba como o esquema filtra cada experiência de forma a se manter, mesmo diante de evidências que poderiam contradizê-lo.

Por que trabalhar com esquemas na terapia?

Esquemas desempenham um papel central em dificuldades emocionais e comportamentais que persistem ao longo do tempo, como:

  • Depressão recorrente
  • Ansiedade crônica
  • Dificuldades nos relacionamentos
  • Baixa autoestima persistente
  • Padrões de comportamento que se repetem

Quando trabalhamos apenas com pensamentos e comportamentos na superfície, podemos conseguir melhorias temporárias. Mas para mudanças mais profundas e duradouras, precisamos identificar e modificar os esquemas subjacentes que mantêm esses padrões.

Esquemas podem mudar?

Embora sejam resistentes à mudança, eles podem ser modificados com trabalho consciente e sistemático. A mudança de esquemas envolve dois processos principais:

  • Enfraquecer esquemas antigos: identificar e questionar as crenças limitantes que não nos servem mais.
  • Construir esquemas novos: desenvolver e fortalecer crenças mais adaptativas e realistas.

Este processo requer tempo, paciência e prática consistente. Tipicamente, trabalhar com esquemas é um processo que leva vários meses. Isso não é um problema — é simplesmente o tempo necessário para que novas formas de pensar e perceber se tornem naturais e automáticas.

O que esperar do nosso trabalho

Em nossa terapia, trabalharemos juntos para:

  • Identificar seus esquemas principais — aqueles que mais impactam sua vida
  • Compreender como esses esquemas se formaram e como se mantêm
  • Reconhecer quando seus esquemas estão sendo ativados no dia a dia
  • Desenvolver esquemas alternativos mais adaptativos
  • Praticar novas formas de perceber e interpretar suas experiências

Usaremos diversos métodos e técnicas, cognitivas e comportamentais, como, por exemplo, exercícios de reflexão, registros diários de pensamentos, análise de experiências de vida e experimentos comportamentais. Cada método será explicado conforme avançamos.

Uma mensagem final

Lembre-se: ter esquemas negativos ou limitantes não significa que há algo de errado com você. Esquemas são respostas naturais da mente às experiências que vivemos. Eles fizeram sentido no contexto em que se formaram.

O trabalho terapêutico não é sobre consertar você, mas sim sobre atualizar as lentes através das quais você vê a si mesmo, os outros e o mundo — desenvolvendo formas de percepção que estejam mais alinhadas com quem você é hoje e com quem você quer se tornar. Este é um trabalho de coragem e crescimento. E você não está sozinho(a) nesta jornada.

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